terça-feira, 31 de maio de 2011

Partículas


[...] Vivemos num mundo que nos exige disciplina. A polidez é uma qualidade que devemos cultivar. Mas respeitar o outro não pode significar desrespeitar-se. Também não é o caso de viver de explosões, ou não dá tempo para se construir nada. Mas uma construção tem seus percalços, material desperdiçado, muros que se fazem de novo. A construção é uma soma de imperfeições em busca do melhor. Nunca estaremos acabados, nem sequer estará o amor. E aí mora um segredo.

Explodir é necessário. Nem tudo é dito com palavras. O barulho assusta, as faíscas metem medo, e mais gente pode ouvir. Mas o que explode se esgota. Não sobra nada para carregar.

Depois da explosão há uma calma assustadora. É nela que um e outro param para pensar. O susto e o medo nos tornam alertas para o que há de amor em nós. Imaginamos uma mudança, uma ruptura, e então se desenha o amor pelo outro dentro de nós.

Há tempo para a calmaria e a serenidade. Mas também há tempo para o turbilhão. Dos escombros se constroem mudanças e começa uma nova obra. Com mais janelas para respirar. Sem aquele degrau que fazia tropeçar. Nem tão bonita como antes, mas muito mais aconchegante.

O amor nem sempre é doce, nem sempre é pura harmonia. Saber dar ao outro a sua chance de viver o conflito, entender e falar sobre ele é uma das grandes atitudes de amor. Saber perdoar, dar colo, acolher. Aceitar o outro com seus buracos.

E dar as mãos mais uma vez, para continuar a viagem...
 | Cris Guerra |

"Que Deus me dê Serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, Coragem para mudar as que posso e Sabedoria para distinguir uma da outra.

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