quarta-feira, 20 de abril de 2011



Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que
achava bonito o ritual do casamento a igreja,
com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos,
mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:
"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,
amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"
Acho simplista e um pouco fora da realidade.
Dou aqui novas sugestões de sermões:
Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora,
e sim respeitar a individualidade do seu amado,
lembrando sempre que ele não pertence a você
e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amiga (o) e ser amante,
sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra,
sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade
ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento
e não uma via de cobranças por sonhos idealizados
que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu 
e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa 
que melhor conhece você e, portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, 
assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada,
 que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores,
que fará filhos por amor e por vontade,
e não porque é o que esperam de você,
e que os educará para serem independentes
e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem casou
só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância
que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se
por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro
e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher:
              declaro-os MADUROS.                  
  (Martha Medeiros)

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